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Jovem com autismo consegue aprovação em curso de graduação do Instituto Federal do Ceará

Ricardo Filho, de 17 anos,






já iniciou os estudos em sistemas da informação de forma remota no Instituto Federal do Ceará (IFCE). A família descobriu o transtorno de forma tardia e Ricardo contou com o apoio dos pais e professores para vencer os desafios.


Ricardo Filho, de 17 anos, é um jovem morador do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, que conseguiu a aprovação no curso de sistema de informação no Instituto Federal do Ceará (IFCE). Embora a história possa parecer comum a tantos jovens que também entram no ensino superior, Ricardo precisou superar um desafio maior: ele é diagnosticado com transtorno do espectro autista.

O jovem prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguiu uma vaga na sede de Quixadá do IFCE, município localizado no sertão central cearense. As provas foram resolvidas utilizando como base o conhecimento adquirido durante os ensinos fundamental e médio, sem sequer ter frequentado cursinhos preparatórios. "Antes do exame, eu até orientava que ele fizesse uma revisão dos conteúdos, mas ele preferiu fazer a prova se valendo da bagagem de conhecimento que ele adquiriu na vida escolar. Me surpreendi com o fato dele ter ficado sete horas fazendo prova. Ele achava que não ia passar, mas fez a inscrição, foi lá e passou", relata a mãe, a diarista Ana Cláudia Sousa dos Santos. Ainda de acordo com Cláudia, o filho sempre se interessou por matérias envolvendo a área de tecnologias da informação, computação, o que motivou a escolha dele para o curso de sistema de informação. Em razão da pandemia de Covid-19 as aulas ainda sendo lecionadas de forma remota. "As aulas do primeiro semestre já começaram e ele está bastante interessado, mesmo sendo aula online, a dedicação é a mesma", diz. Vida escolar e diagnóstico Ricardo ao lado de colegas de sala do ensino médio — Foto: Arquivo pessoal O diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) veio de forma tardia. Do pré-escolar até o 5º ano do ensino fundamental, Ricardo estudou em escola particular, mas devido às dificuldades que surgiram a família precisou colocá-lo em uma escola pública, onde ocorreu a descoberta do transtorno quando ele já tinha 11 anos.

Já no ensino médio, o problema de não conseguir se socializar foi percebido também pela coordenadora da escola, Gláucia Rebouças. Segundo ela, o apoio dos professores e colegas, principalmente nas aulas de campo, ajudaram bastante no processo de integração com os demais. "Ele não gostava de atividades em grupo. Normalmente, tinha um ou dois amigos que o apoiavam, estavam sempre por perto. Nas aulas de campo, ele foi se soltando. Acredito que a nossa escola foi para ele uma escola de vida", afirma. Apoio educacional O apoio recebido da família e dos profissionais de educação durante a vida escolar foi de grande importância para uma significativa melhora na vida de Ricardo, segundo a mãe. "A escola teve um papel importantíssimo, contou com o apoio dos professores, coordenadores. A escola de ensino profissionalizante onde ele fez o curso de logística também o ajudou bastante. Minha gratidão vai dos profissionais da cantina à direção da escola, que sempre estiveram ao lado dele", agradeceu Cláudia. A coordenadora Gláucia Rebouças não esconde a emoção pela conquista do aluno. Agora com dois estudantes na escola com o mesmo laudo de Ricardo, ela diz que o desafio é continuar ajudando enquanto adquirem aprendizado. "Ele era muito acolhido por todos, foi um grande orgulho para nós, uma lição, a aprovação dele foi de grande emoção. Ele não é de sorrisos e abraços, mas é muito carismático, deu tudo certo!", comemora. Mudança de cidade

Em razão da pandemia de Covid-19, Ricardo está acompanhando as aulas de forma remota. Contudo, quando houver a retomada das aulas presenciais, a família já decidiu que vai acompanhar o jovem durante a mudança para a cidade de Quixadá, onde fica o campus do IFCE. A distância entre Eusébio e Quixadá chega a 170 km, o equivalente a 2h30 de viagem. "Temos família na cidade de Quixadá e estamos dispostos a passar essa temporada dos estudos dele por lá", garante Ana Cláudia. O desejo dela é que o filho conclua a graduação e consiga ter uma vida independente, superando todos os desafios e garante que ele não estará sozinho. "É um avanço muito grande na vida do Ricardo. Eu sempre o acompanhei. Como mãe, é uma emoção muito grande e eu quero ver ele independente, pois não vou estar do lado dele para sempre. Quero que ele cresça para mostrar para ele mesmo e para os outros que ele pode", finaliza.

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